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Wednesday, November 26, 2003

Devolver a habitação devoluta  

(reedição)
Existem, só em Lisboa 90 mil fogos devolutos. No Porto são 40 mil (acho que é isso). Dava para meio milhão de pessoas. Só nas principais cidades. Se amanhã descolonizássemos França, havia casas construídas que davam para todos "les retornées".
Ainda assim e apesar deste património, constroi-se novo e abandona-se o velho. Portugal gasta metade do seu capital em imobiliário (que como o nome diz é dinheiro parado) enquanto já aqui ao lado, em Espanha, esse valor é de apenas 20%. Os espanhóis têm mais 30% da poupança para investir em coisas que realmente dinamizem a economia. E têem no usado para nos conquistar.
Pela mesma razão em Portugal a reconstrução despende menos de 10% do dinheiro da construção civil, quando esse valor deveria ser pelo menos cinco vezes maior.

A oposição gosta do estado das coisas porque permite financiar as felgueiras deste país e os prédios do taxi suíço. Só com nova construção se faz os loteamentos que financiam os partidos. A recuperação sai mais barata ao país, mas não alimenta os presidentes de câmara.

O meu governo reconhece que as pessoas têm direito a ter casas vazias, não podem é deixá-las cair de podres. Até porque representam um risco para os outros (acidentes, incêndios, ocupas drogados...)

Assim a proposta do Primeiro-Ministro é simples. Casa abandonada e degradada é posta à venda como na lota (o preço vai baixando até alguém comprar). Só em Lisboa haveria 90 mil casas a ser vendidas ao preço da chuva, passaria logo a compensar fazer obras de recuperação. O Direito à propriedade implica a obrigação de a manter.

Vote em mim – Se um apartamento no centro da cidade custar dez mil contos de obras alguém vai querer ir viver para uma pseudo-urbanização lata de sardinha em Massamá?

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