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Tuesday, November 04, 2003

Estimado senhor doutor Abrupto ,  

Pede o Primeiro Ministro ao seu Gabinete que lhe envie a seguinte mensagem a qual se transcreve respeitosamente:

“Estimado colega, acho que esta história da constituição europeia está a ser posta completamente de pernas para o ar.
Quem ouvisse o que se diz sobre o assunto pensaria que a oposição estava de volta e até tinha contratado uns consultores para trabalhar numa comissão que proporia a elaboração de um livro branco, mas isso é outro assunto.

Já reparaste que há, na sociedade portuguesa dois tipos de pessoas:
- Aqueles que se estão ‘cagando’ para o segredo de justiça, para a constituição europeia e até para o BB4 (que já ninguém vê).
- Os outros que andam a discutir a falta de informação sobre a constituição europeia (são 7, houve um acessor aqui da casa que os contou).

Ora, se quem se preocupa com o assunto só fala da falta de informação, então o problema é que ninguém leu o raio da Constituição Europeia, mesmo a direita conservadora não chegou a passar do prólogo e por isso é que só se lembrou de reclamar contra a ausência do cristianismo como referência não sei do quê, e porque lá falava dos gregos.
Eu por acaso também não acho nada bem que se fale dos gregos, especialmente agora que estão menos pateticamente pobre do que nós. Mas nem é essa a chatice, aquela estopada da Constituição tem um preambulo por ordem cronológica e só fala de Cristo a partir do ano 0 e como antes vêem os gregos (irra!) que já cá andavam a mandar bitates desde o ano 1000AC. A democracia cristã desistiu de ler por volta do ano 350AC do preambulo (página 150) e resolveu implicar com a única parte que lhes ocorreu.

Digo-te já, que eu também não li nada daquela charopada, e estou apenas a fazer especulação, mas essa especulação é melhor do que me queixar de falta de informação. Porque essa ladainha é que não faz sentido.

Afinal Portugal é um pais democrático com liberdade de expressão (q.e.d nesta carta) o que implica que não há nenhuma entidade paternalista de lápis azul a impor o que deve e não deve ser discutido, consequentemente não há falta de informação. Num estado democrático a informação é uma obrigação e não um direito. O que, neste caso da lengalenga do francês, quer dizer que das duas uma ou gramamos a estopada ou a lemos. Pois, vai dar ao mesmo, vamos ter de gramar com aquilo na mesma.

Assim, como primeiro ministro, vou tomar a sensata decisão de não chatear o contribuinte com a constituição europeia, cancelar o referendo e discutir/aprovar ou não a constituição no parlamento que é para isso que a gente lhes paga.

Cá para mim voto contra porque voto sempre contra coisas extensas e aborrecidas, mas isso sou eu, o meu governo fará ao eleitor o favor de poupar-lhe a chatice de o informar contra sua vontade.

Desculpa se me estendi, mas como era para ti que sei que és dado a letras, para mais este assunto não tem nada de curto. Enfim é tudo a empurrar para que a carta se arraste.

Pois bem, a votos, já chega de debater a falta de debate sobre a constituição europeia e vamos mas é discutir a reforma fiscal que encontrarás documentada no www.primeiroministro.blogspot.com que está à espera de uma visita na madrugada.

Um grande abraço deste teu prolixo governante, e diz qualquer coisa lá no blogue.


Exposta a missiva de sua excelência o Primeiro Ministro, O seu Gabinete lamenta a falta de um tratamento mais adequado, mas o acessor encarregue do protocolo foi despedido para cumprir o déficit.

Melhores cumprimentos
plo Gabinete do Primeiro Ministro
(assinatura ilegível)

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