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Thursday, December 04, 2003

Reclamações aqui em baixo 

O Gabinete do Primeiro Ministro encontrou uma carta antiga que a oposição ignorou (quando eram eles os inquilinos). Este Governo, com espírito de missão, tratou de responder.


Caro Sr. Primeiro Ministro
Em cada 100€ que o patrão paga pela minha força de trabalho, o Estado, e muito bem, tira-me 20€ para o IRS e 11€ para a Segurança Social. O meu patrão, por cada 100€ que paga pela minha força de trabalho, é obrigado a dar ao Estado, e muito bem, mais 23,75€ para a Segurança Social. E por cada 100€ de riqueza que eu produzo, o Estado, e muito bem, retira ao meu patrão outros 33€.

Cada vez que eu, no supermercado, gasto os 100€ que o meu patrão me pagou, o Estado, e muito bem, fica com 19€ para si.

Em resumo:
 Eu pago e acho muito bem, portanto, exijo: um sistema de ensino que garanta cultura, civismo e futuro emprego para o meu filho. Serviços de saúde exemplares. Um hospital bem equipado a menos de 20 km de minha casa. Estradas largas, sem buracos e bem sinalizadas em todo o País. Auto-estradas sem portagens. Pontes que não caiam. Tribunais com capacidade para decidir processos em menos de um ano. Uma máquina fiscal que cobre igualitariamente os impostos.
 Eu pago, e por isso quero ter, quando lá chegar, a reforma garantida. E jardins públicos e espaços verdes bem tratados e seguros. Policia eficiente e equipada.
 Os monumentos do meu País bem conservados e abertos ao público. Uma orquestra sinfónica. Filmes criados em Portugal. E, no mínimo, que não haja um único caso de fome e de miséria nesta terra.
 Na pior das hipóteses, cada 300€ em circulação em Portugal garantem ao Estado 100€ de receita. Portanto Doutor Durão Barroso, governe-se com o dinheirinho que lhe dou porque eu quero e tenho direito a tudo!

Atenciosamente
O Português



Resposta do Primeiro Ministro:


O que se recebe do estado e da incapacidade do estado em dar é um loop:
-o eleitor paga impostos quer ser bem servido;
- o serviço recebe sempre o imposto não faz nenhum para servir
- o eleitor não é bem servido foge ao fisco
- a receita não chega o serviço deteriora-se
- o serviço é ainda pior há mais fuga fiscal
etc.

E em cada ponto do loop é possível passar a culpa para o outro lado. a culpa é de quem não paga, a culpa é de quem cobra, a culpa é de quem faz, a culpa é de quem não exige. Ou seja, numa simplificação tuga, a culpa é do chefe, do cherne.

O sistema ideal funciona assim:
- não paga não é servido
- não é servido vai pagar a outro lado que sirva
- não há serviço, não há receita

Desta forma a culpa passava a estar no cardume. Claro que é muito mais fácil dizer, ó senhor primeiro ministro, governe! E a oposição tem se governado. Põe cunhas prás filhas. Recebe luvas. Contrata boys, e distribui benesses.

O Governo sabe que não pode ter mais em tudo. Porque ninguém é capaz de controlar tudo. Então os eleitores que se governem:
- Desagregação do estado em entidades prestadoras de serviço independentes. Não há cá o contribuinte paga um valor abstracto para receber tudo a que tem direito (mais fácil de dizer do que fazer). Quem quer estradas paga portagens, quem quer escolas paga propinas, quem quer saúde paga o seguro, quem quer reforma que poupe. - Aplicação do princípio do autofinanciamento dos serviços.
- Como muitas destes serviços são indispensáveis, depois de desagarrar o estado, há que criar condições de competição, porque não basta dizer “quer pague”, tem de haver o que comprar e o que escolher para caso o serviço seja mal prestado ser possível recorrer a outro prestador. Não gosta deste médico, e vá pagar a outro. Não gosta desta escola vá para outra. - O princípio da escolha
- Para o governo, resta o papel de regulador, legislador, distribuidor de dinheiro e enquanto prestador de serviços apenas numa base competitiva e auto-financiada (como a CGD). É bastante.

O eleitor entraria então no ciclo de:
- Paga, recebe o serviço
- Não recebe o serviço não paga
- Precisa do serviço vai buscar a outra parte e aí paga.
- Não prestou o serviço não recebe e morre.

Pergunta: Porque é que há uma Caixa de Aposentações? Porque é que o eleitor tem de partilhar com as outras pessoas a sua reforma? Porque é que as outras pessoas (quando não descontaram o suficiente) hão de receber das suas poupanças? Porquê? Quem é que ganha com esta solidariedade chupista?

O mesmo pode ser dito para a educação. A escola é má vá para outra escola. Vivemos numa sociedade automobilizada que não tem problemas de ir da terra A para a B, mais de metade da população faz comuting diário.
O mesmo pode ser dito para a saúde. Porque é que anda a financiar o sistema de saúde em vez de financiar os doente? E depois é obrigado a ir ao hospital que lhe impõem?
etc etc etc.

O eleitor, mais do que exigir tem de ter liberdade de escolha. Porque só assim a exigência resulta!
Vote em mim!

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