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Tuesday, December 09, 2003

Uma visão - Uma 

Imagine um garfo. Um garfo normal, uma commodity aborrecida e desinteressante. Um garfo é um garfo. Não tem nada que saber. Agora imagine que o garfo em questão é Made in germany, como é que seria? E se fosse italiano? Já agora fabricado no Japão?

Na prateleira de cutelaria de um supermercado imaginário encontram-se os seguintes produtos:
- Garfos alemães que não enferrujam nem entortam. Rijos e fiáveis, mas pesados e cansativos;
- Os italianos, transpiram design. Lindos, ideais para decorar a mesa, mas só quando se tem visitas, porque são impossíveis de usar todos os dias.
- Os japoneses, se não forem pauzinhos, são pequenos, e com um sensor electrónico que mede a temperatura da comida, não vá o utilizador queimar-se.

Estes países tem uma personalidade que imprimem nos seus produtos e que os ajuda a vender a produção. São países com uma Unique Selling Proposition que é o seu mais poderoso argumento no comércio externo. Essas USPs derivadas das histórias dos países dão aos produtos vantagens competitivas muito importantes.

O facto é que os países vendem aqueles produtos ou ideias que mais têm a ver com a sua história. O luxo de Versalhes vende o luxo dos cosméticos, perfumes e jóias francesas. O rigor aborrecido dos alemães resulta em qualidade e rigidez superior. E também é um facto que, para um Europeu médio, Portugal não tem história. Ou melhor, os Europeus acham que em Portugal não se passa nada: O clima é bom e tolerante; Não há animais selvagens; Não temos monções, nem tufões; Temos pouco crime e até as nossas revoluções são com flores.

Se os italianos têm o design que herdaram de 2000 anos de estilo. Os portugueses tem o país onde nem acontecem coisas excitantes (como em Espanha), nem coisas previsíveis (como na suíça). Em Portugal não acontece nada. Portugal é um país onde se está bem, onde se vive bem, onde ninguém chateia e onde as coisas andam devagar.

A proposta é simples, apostar nos sectores que mais têm a ver com a nossa herança. Logo: Portugal deverá ser o país do conforto.

Se Portugal for o país do conforto, pode vender Turismo residencial de terceira idade (Pôr os euro-reformados ao sol à custa das suas seguranças sociais. A maior industria da Flórida são os condomínios para reformados e a Flórida é o 2º estado mais rico dos EUA). Com os reformados europeus vêm os filhos e netos de férias e com isso mais turismo e mais consumo.

É que se recebermos 100.000 reformados (só na Alemanha há mais de 10 milhões de reformados) aumentamos 5% do PIB (Na Europa do norte uma reforma média vale 300 contos/mês: 100.000*12meses*300= 360 milhões de contos de receita ano = 5% do PIB). E se vier um milhão de reformados, dava para pagar todas as importações!

O Conforto é uma ideia que se aplica a inúmeros produtos, Se Portugal se assumir como o país do conforto pode vender um pouco de tudo, desde que seja calmo e ponderado. Até vinho, mas nada de chateau qq coisa a 100 contos a garrafa, vinho para beber à refeição, em casa, todos os dias (um mercado bem maior) porque o vinho português ajuda uma pessoa a sentir-se descansado é confortável (não importa se é verdade, desde que as pessoas acreditem) um vinho que nos deixa contemplativos e não um que dá pica para ir dançar (dançar e paixão, “movida” é coisa de espanhol)....

Continuar a ler a iniciativa do Primeiro Ministro.

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