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Saturday, March 11, 2006

Lojas Saudade 

O estado é uma organização reconhecida por persistir em ideias ultrapassadas e sustentar inúteis acabados. Mas mesmo para os padrões arcaicos do estado, dentro do estado, existe uma organização que desafia a média.

Essa organização é o Ministério dos Negócios Estrangeiros mais a sua rede chupista de embaixadas, consulados e adidos espalhados pelo mundo a fazer já nem eles sabem bem o quê.

Antigamente, as embaixadas, eram importantes pontos de contacto e representação dos interesses nacionais junto dos governos amigos (e por vezes dos inimigos), mas isso foi antes de inventarem o telefone. Pois foi, desde que o telefone se tornou uma coisa vulgar, há cerca de 100 ano atrás, as embaixadas deixaram de ter qualquer utilidade. Ou será que alguém acredita que quando o W.Bush quis ir brincar aos cóbois para o Iraque a embaixada portuguesa serviu para alguma coisa? Mesmo que a decisão tenha sido tomada nos Açores e sobre um belíssimo café servido pelo infatigável Barroso, a embaixada não serviu para nada. Estas coisas tratam-se directamente, com as pessoas envolvidas e não através de um qualquer lacaio funcionário público.

A inutilidade do aparelho diplomático é tão evidente que, quando ele é preciso, consegue não estar por perto. Foi o caso do embaixador português na Tailândia que, 3 semanas depois do tsunami, ainda estava de férias. Férias do quê, bem que pode se perguntar.

É que neste mundo globalizado, a queda das fronteiras e a Internet (estas invenções são mais recentes é verdade) deitaram por terra a última utilidade das embaixadas, que era a função de passar vistos (ou melhor de não os passar, que os vistos servem precisamente para evitar que as pessoas os tenham). Agora, não passar um visto (curioso como o objectivo dos diplomatas envolve sempre o não fazer), dizia-se, agora o acto de passar um visto pode facilmente ser feito pela Internet, com uma poupança de recursos bem interessante.

Se mais exemplos fossem precisos, talvez não fosse de desdenhar que Portugal tem em Copenhaga 5 funcionários para uma comunidade local que não ultrapassa as duas dúzias de pessoas e numa cidade onde os tugas nem precisam de passaporte, pagam com euros e nem sequer existe onde se possa assistir a um BenficaxSporting pela televisão.

Estando demonstrado que o aparelho diplomático não passa de uma gigante chulice instituída, o Primeiro Ministro vai acabar com a mama. Para tal, todas as embaixadas e consulados serão convertidos em lojas de produtos portugueses. Em vez de servirem para albergar deputadas fatigadas como adidas culturais (é impossível ser mais irónico com este caso), as embaixadas e os consulados serão transformados em “Lojas Saudade” onde se pode comprar SGs e Sagres, vinho do Dão, reservar bilhetes na TAP, marcar férias nas Pousadas, ou comer bacalhau. Os diplomatas, seriam todos despedidos e substituídos por afáveis e fluentes empregados de hotelaria, do tipo que Portugal tem espalhados por toda a parte e que tratarão de marcar férias em Portugal aos estranjas e de lhes vender segundas habitações neste pacifico rectângulo à beira mar plantado. Ou seja, de fazer algo de útil pelos que cá vivem e lhes pagam os ordenados.

Quem sabe, se as Lojas Saudade até se tornam um bom negócio, verdadeiramente lucrativo. Mas nem sequer precisam, só com esta pequena mudanças, de acabar com o corpo diplomático Portugal eliminava o seu deficit orçamental.

Vote em mim – A não ser que pertença ao corpo diplomático, pois corre o risco de ter de encontrar um emprego honesto.

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